No mês de maio, iniciamos a 1ª etapa da Campanha Estadual de Vacinação contra a febre aftosa. Nesta primeira etapa todos os bovinos e bubalinos (búfalos) deverão ser vacinados. A febre aftosa é uma doença muito contagiosa, causada por um vírus de rápida multiplicação. Provoca grandes prejuízos sociais e econômicos, pois, o aparecimento da doença no país afeta fortemente o comércio nacional e internacional. Para se ter uma ideia do impacto econômico que um rebanho doente pode trazer ao Estado, dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio mineiro considerado para 2016 foi de R$ 171,95 bilhões.
Desse valor, estima-se que R$ 87,42 bilhões (50,87%) venham da pecuária. No caso de um embargo internacional, os demais produtos da pecuária também ficam prejudicados e não somente a bovinocultura. A febre aftosa ataca os animais domésticos de casco partido: bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Segundo dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o estado de Minas Gerais conta com aproximadamente 23,5 milhões de bovinos, o Vale do Rio Doce 1.477.931 e o município de Governador Valadares 150.647 bovinos. O último foco da doença em Minas Gerais foi em maio de 1996 no município de Itaguara. No município de Governador Valadares por volta dos anos 1994/1995 ocorreu o último foco em uma propriedade no distrito de Baguari. Os sintomas da febre aftosa nos animais são aparecimento de aftas na língua, na boca e com isso babam muito. Nas tetas e no casco (entre unhas) também aparecem bolhas. Estas aftas e bolhas estouram e formam grandes feridas. Os animais têm dificuldade para comer e andar, o coração e o rúmen também são atacados. Muito já foi feito para controlar, erradicar e prevenir a aftosa no Brasil.
O Estado de Minas Gerais é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa com vacinação, sendo a mesma obrigatória, devendo ser comprovada junto ao IMA. A manutenção desse status é fundamental para os produtores e toda a cadeia produtiva da carne, leite e derivados. O pecuarista deve se cercar de cuidados desde a compra até a aplicação da vacina, sempre transportá-la em caixa de isopor com gelo e lacrada, sendo que na fazenda deverá manter em geladeira (temperatura de 2º a 8º C), jamais conservar em congelador ou aquecê-la para que não estrague. No campo, manter a vacina em caixa de isopor com gelo e sempre à sombra. Para a aplicação da vacina, aplicar dose de 05 ml para cada animal, via subcutânea (debaixo da pele) ou intramuscular (no músculo), o local de aplicação deve ser na tábua do pescoço e as agulhas devem ser limpas (fervidas ou esterilizadas), nos tamanhos 15 x 18 para via subcutânea ou 20 x 18 para via intramuscular. Em caso de suspeita da doença o produtor rural deve notificar com urgência ao escritório do IMA de sua região, sendo o prazo máximo para a notificação da suspeita de 24 horas, pois, quanto antes a suspeita da doença for notificada, mais rápida será a investigação e eliminação do foco, se for comprovado.
Para o sucesso das ações emergenciais do órgão de defesa sanitária, o tempo é o principal “adversário” a ser “vencido”. A partir desta etapa conforme a Portaria IMA Nº1703, de 05/04/2017, os pecuaristas que possuírem rebanho com 150 ou mais animais deverão declarar obrigatoriamente a vacinação junto ao site eletrônico do IMA: www.ima.mg.gov.br. Não serão mais aceitas as declarações entregues nos Escritórios Seccionais e nos Postos de Atendimento. A declaração dos rebanhos inferiores a 150 animais, ficará a critério do produtor, podendo também ser realizada no site do IMA ou entregue nos Escritórios e nos Postos de Atendimento. Com um rebanho saudável e livre da aftosa é possível transportar e vender os animais e seus produtos, com a documentação sanitária exigida por lei, para qualquer estado do país e até para o exterior. O pecuarista mineiro deve continuar fazendo sua obrigação vacinando seu rebanho.
Marcelo de Aquino Brito Lima – Engenheiro agrônomo; professor universitário; fiscal estadual agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas no agronegócio e em educação e gestão ambiental.